Melhora
na capacidade de concentração, fixação de conteúdos, raciocínio
lógico e memória são alguns dos benefícios da prática regular de
atividade física
Crianças
agitadas, salas de aula lotadas e um professor lutando, bravamente,
para prender a atenção dos alunos. Este cenário, frequentemente
descrito é fácil de imaginar por pais ou qualquer pessoa que
conviva com crianças. A quantidade e a diversidade de informações
e possibilidades a que estão expostas, deixa cada vez mais difícil
para os professores a missão de ensinar sem se reinventar. Estudos
mostram que a inserção de exercício físico em sala de aula, além
das aulas de educação física, é um aliado que pode ajudar os
professores e melhorar o processo de aprendizagem dos alunos.
Diversas
pesquisas afirmam que o exercício físico regular em idade escolar
ajuda na concentração e fixação de conteúdos,
desenvolve melhor o raciocínio lógico e a memória, proporciona
reflexos mais apurados e maior foco na realização de atividades
escolares ou acadêmicas. Sabe-se dos inúmeros benefícios da
prática do exercício físico para o corpo e pesquisas mais recentes
mostram que esses benefícios se estendem, inclusive, para o cérebro.
Neurocientistas
da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, apresentaram
recentemente pesquisas mostrando que alunos que se saem bem nos
exercícios físicos também têm melhor desempenho nas atividades
escolares. Segundo o estudo, crianças e adolescentes que praticam
esportes com frequência, têm o desempenho 20% superior aos alunos
sedentários. A explicação é de que quando a pessoa se exercita a
produção de sinapses neurais aumenta. Ou seja, a prática de
exercícios físicos tem o poder de desenvolver células cerebrais,
criando novas conexões interneurais, mantendo a mente jovem e ativa.
Breves
interrupções durante a aula para 10 minutos de exercícios físicos
nas escolas. Pode parecer estranho, mas este hábito tem ganhado
espaço nas escolas americanas. Isso porquê o relatório de 2013 do
Instituto de Medicina dos Estados Unidos afirma que “as crianças
mais ativas prestam mais atenção, possuem velocidade de
processamento cognitivo mais rápido e se saem melhor nas provas do
que as crianças menos ativas.”
O
livro Corpo Ativo, Mente Desperta: A nova ciência do exercício
físico e do cérebro (2012), escrito por John
J. Ratey, neuropsiquiatra e professor da Universidade de Harvard, é
baseado em pesquisas inovadoras. O livro explora a conexão entre
mente e corpo e defende que o exercício é uma das armas mais
eficientes para o bom funcionamento do cérebro humano. Segundo ele o
movimento ativa todas as células cerebrais que as crianças estão
usando para aprender despertando o cérebro. “O cérebro funciona
exatamente como os músculos: cresce com o uso e atrofia com a
inatividade”, defende o autor destacando a importância de se
exercitar com regularidade.
O
livro explica como o exercício melhora o aprendizado, reduz o
estresse e a ansiedade e pode ajudar o cérebro a permanecer jovem.
“O exercício é a ferramenta mais poderosa para otimizar sua
função cerebral”,
afirma Ratey. “O
livro baseia-se em evidências que obtive de centenas e centenas de
trabalhos de pesquisa, a maioria publicada apenas na última década.”
O
estudo “Estimulação motora, função executiva e atenção”
realizado em 2013 no Distrito Federal, destacou a importância da
educação física no ensino fundamental como meio efetivo de auxílio
para as aprendizagens motoras e cognitivas. Nele, 80 crianças de 6 a
10 anos foram divididas em dois grupos: um que não participou da
intervenção, e um grupo experimental, que realizou aulas de
educação física escolar, duas vezes na semana com duração de 50
minutos, durante 7 meses. A conclusão do estudo mostrou que o
grupo experimental melhorou além do aspecto motor, o desempenho nos
testes de função executiva e atenção seletiva, tornando o
raciocínio mais rápido.
De
acordo com a professora de educação física, Daniela Souto, a
atividade física escolar ajuda no melhor desenvolvimento físico e
psíquico infantil. “Temos diversas ferramentas para isso como
jogos e atividades que devem ser aplicados de acordo com a idade e
desenvolvimento motor dos alunos. Porém, nos deparamos com algumas
dificuldades para conseguir desenvolver essas atividades que vão
desde a falta de espaço adequado até a falta de material para a
prática de atividades físicas. Há escolas que não conseguem
desenvolver um trabalho ideal com os alunos deixando de potencializar
o aprendizado em muitas outras áreas.”, adverte.
Além
disso, a escola está muito preocupada em passar todo o conteúdo
programático para os alunos, o que não é um erro, mas se ele for
simplesmente despejado sobre as crianças durante 3 ou 4 horas
seguidas, boa parte disso não será absorvido porque a capacidade de
concentração e foco dos alunos não dura todo esse tempo. Segundo
Fernanda Spengler, psicóloga, especialista em psicopedagogia, a
maioria das crianças, de vez em quando, vai experimentar algumas
situações de dificuldade para manter a concentração ou o foco.
Isto acontece quando elas estão cansadas, sobrecarregadas ou
expostas a excesso de estímulos.
A
prática da atividade física não deve ficar restrita apenas ao
ambiente escolar. Cabe aos pais a busca de uma modalidade de esporte
para a criança praticar desde cedo, pois além de todos os
benefícios citados, ainda ajuda no combate ao sedentarismo que
cresceu muito com os avanços tecnológicos. Também é papel dos
pais participar, assistir, incentivar, motivar e ensinar aos pequenos
que a atividade física é muito mais do que competição, saúde e
bem-estar. Ela é o combustível do cérebro.
Texto publicado no jornal Gazeta do Povo
http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/combustivel-para-o-cerebro-exercicio-fisico-e-importante-aliado-para-a-aprendizagem-ahvyohwise2znjuhjyzhdq2o9
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